O agradecimento de ontem foi dirigido às pesquisadoras que
têm dividido seu tempo de trabalho com a importante tarefa de criar novos seres
humanos sadios, éticos e solidários.
Meu comentário deu origem a diversas perguntas
sobre, afinal, quais as pesquisas em neurofibromatoses que estão sendo
realizadas na UFMG?
Acho importante, então, descrever em poucas linhas quais as
questões que estão sendo estudadas neste momento. Para descrevê-las, preciso
lembrar que o conhecimento científico é construído com uma visão de cada época,
utilizando-se os recursos disponíveis e a partir do conhecimento anterior
acumulado por outros estudiosos, ou seja, o conhecimento científico é
determinado pela sua história.
As condições históricas do nosso grupo de médicos (as),
fonoaudiólogas, nutricionistas e psicólogas envolvidos com as NF na UFMG são as
seguintes:
1)
Somos um grupo iniciante - apenas 11 anos de criação
do Centro de Referência em NF, comparados com os 35 anos do primeiro centro
criado pelo pioneiro Vincent M Riccardi nos Estados Unidos em 1978.
2)
Temos poucos recursos financeiros – cerca de 50
mil reais do Conselho Nacional de Desenvolvimento da Pesquisa (CNPq),
comparados às centenas de milhões de dólares do Children’s Tumor Foundation nos
Estados Unidos, por exemplo.
3)
Nossa formação profissional é mais clínica do
que laboratorial – comparada à maioria dos estudos realizados na Europa, Estados
Unidos e Austrália.
Mesmo nestas condições, temos levado para a comunidade
científica internacional algumas ideias importantes, entre as quais destaco
aquelas que já têm reconhecimento (entre parênteses, as pessoas que coordenaram
cada pesquisa):
1)
A redução da força muscular, da capacidade
física e do controle da temperatura corporal e aumento de quedas nas pessoas
com NF1 (Juliana Souza, Luciana Madeira, Maria Helena Vieira).
2)
As alterações na musculatura envolvida na fala e
a desordem do processamento auditivo e sua relação com o aprendizado em pessoas
com NF1 (Carla Menezes, Pollyanna Batista).
3)
A menor glicemia de jejum e menor chance de
haver diabetes tipo 2 e suas relações com o estado nutricional e padrão
alimentar em pessoas com NF1 (Aline Martins, Márcio Souza).
4)
O perfil psicológico e cognitivo de pessoas com
NF1 avaliado por meio de testes psicológicos especiais (Alessandra Cerello, Daniele
Costa).
A partir destes primeiros passos, temos dado continuidade a
alguns estudos possíveis dentro das nossas condições históricas (e as pessoas
responsáveis entre parênteses):
1)
Efeitos do treinamento auditivo em pessoas com
NF1 e desordem do processamento auditivo (Pollyanna Batista).
2)
Exame oftalmológico de pessoas com NF2 e NF1 por
meio da tomografia de coerência óptica e sua relação com a gravidade da doença
(Vanessa Waisberg).
3)
Análise das imagens dos neurofibromas de pessoas
com NF1 por meio da tomografia por emissão de pósitrons e sua relação com a
gravidade da doença (Hérika Martins).
4)
Análise de marcadores inflamatórios e biomoleculares
no sangue de pessoas com NF1 e sua correlação com a presença de neurofibromas
plexiformes e outros tumores (Luíza Rodrigues, Cinthia Santana).
5)
Análise do DNA de pessoas com NF1 para
identificação de determinadas mutações e suas relações com a gravidade da
doença (Frederico Malta).
6)
Avaliação das habilidades musicais em pessoas
com NF1 e NF2 (Bruno Cota).
7)
Uso de videogame especial para avaliação e
treinamento simultâneos de controle cognitivo e aptidão física em pessoas com
NF1 (Juliana Souza, pós-doutorado na Califórnia, Estados Unidos).
Quem desejar contribuir ou ser voluntário em qualquer uma
destas pesquisas (exceto a sétima, que será realizada com voluntários norte-americanos),
envie-me um e-mail (rodrigues.loc@gmail.com)
que encaminharei ao responsável pelo estudo.
Marcadores: neurofibromatose do tipo 1, neurofibromatose do tipo 2, pesquisas no CRNF