Continuando
a resposta de ontem, sabemos que a chance de nascer com NF é a mesma para
meninos e meninas, mas a gravidade da doença pode ser diferente entre os dois
sexos?
Até
recentemente a maioria dos especialistas em NF pensava que a gravidade seria
semelhante entre meninos e meninas porque os cromossomos onde estão os
problemas que causam as neurofibromatoses não são aqueles ligados ao sexo.
No
entanto, um estudo científico recente realizado nos Estados Unidos (clique aqui para ver o artigo completo) informou que as meninas com NF1 têm três vezes mais chances de precisarem de tratamento quando têm glioma óptico do que os meninos com NF1 que também apresentam glioma
óptico. Ou seja, a gravidade da doença, pelo menos quanto ao glioma seria
diferente entre os sexos.
Pessoalmente,
tenho a impressão de que a NF1 se manifesta clinicamente de forma diferente
entre meninos e meninas, pois eles me parecem mais tímidos e retraídos do que
elas. Parece-me que os homens com NF1 permanecem solteiros com mais frequência
do que as mulheres com NF1, mas esta observação subjetiva precisa ser estudada
de forma mais rigorosa.
Além
disso, as mulheres com NF1 apresentam momentos razoavelmente definidos na sua
vida quando os neurofibromas aparecem e crescem com mais frequência: na
puberdade, na gravidez e na menopausa. Os homens com NF1 não mostram fases tão
nítidas de crescimento dos neurofibromas depois da puberdade.
As
mulheres com NF1 também apresentam cerca de 3 vezes mais chances de desenvolver
câncer de mama do que as pessoas sem NF1 entre os 30 e os 50 anos, o que não
acontece com os homens com NF1.
Não
tenho informação segura de que as demais neurofibromatoses possam possuir diferenças
de gravidade entre os sexos.
De
qualquer forma, a gravidade da doença é percebida pela pessoa acometida e pela
sua família de modo muito particular e individual. Para algumas famílias, pequenos
problemas na opinião dos médicos podem ser percebidos como grande sofrimento
para a pessoa com NF e/ou sua família. Ao contrário, grandes problemas para os
médicos podem ser enfrentados de forma tranquila pela família e/ou a pessoa
acometida.
As
neurofibromatoses são doenças “pessoais e intransferíveis”, como disse-me uma
pessoa com NF1, enfatizando as características únicas que formam a identidade de
cada pessoa.
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